queria ter essas mãos
que se estendem
e curam passagens
como pontes
para pés hesitantes
como água
para barro quente
e vermelho

mãos
puras de certeza
e sangue

queria ter essas
mãos
que escrevem
a caligrafia da resistência
os discursos que
irão e continuarão
exclamando cheios
de força
jorrando
identificação
essas mãos

de quem costurou
buracos de bala
arrancou dentes
podres
encheu potes de
pus
transformou
choro em
vinho
multiplicou pães
e feixes
botou fogo
em tudo

e pos o corpo
ardendo
em círculos
de dança

– para Conceição Evaristo e Amelinha Teles

Poema do meu livro “Um buraco com meu nome

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